30.7.08

Músicos de Capela

A paisagem é de grama sintética.
Não mais os verdes ricos, seus cantos e urros melódicos,
reflexo de uma sociedade demente e patética.
O canto é como um grito desolado,
a postura é de um europeu medieval
e a imponência é da matança.
Padrão como enlatado, agora é eucaliptal
onde a vida era pujança.
De um lado é preservação,
do outro é exploração,
para baixo e sempre a sobrevivência.
Direitos humanos viram papel
e para o bem da corporação eles não saem do papel.
Dos pais se quer o chão e a história com a terra
e o desejo: uma nova relação com a floresta.
Resguardar a riqueza da semente,
produzir com a força do diverso
e o valor do diferente.
Ir ao Alto perceber
o poder de ser um músico de Capela.
A juventude agroecológica a celebrar e cantar
por democracia e soberania alimentar.
Porque viver é divertido e para todos deve ser,
vamos todos ao Alto perceber
o poder de ser um músico de Capela.


Poema escrito em lembrança ao II Encontro de Coletivos Jovens do Entorno de Unidades de Conservação, realizado em Capela do Alto, bairro rural de Guapiara/SP (jul/2008)

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