19.9.07

Nós aqui dentro da bola azul

Hoje qro falar da relação homem/natureza, numa concepção que considera um e outro coisas mesmas. Prometo tentar fazer desta a última vez que escrevo a respeito disto pois a simples afirmação de que homem e natureza são a mesma coisa já denota a possibilidade de separação do homem e do ambiente.

Esta reflexão que escrevo aqui me veio hoje de manhã ao ler um artigo que defendia a construção de novas formas de relação dos homens entre si e com o ambiente que integram, algo extremamente comum em textos que abordam a crise paradigmática por que passa a espécie humana. Crise esta culpada pelos dilemas contemporâneos e pelos problemas socioambientais globais.

O artigo, que fala sobre a EA no processo de gestão ambiental, aborda as relações sociais e com o ambiente como coisas distintas uma da outra. Se considerarmos que homem e natureza não são coisas diferentes, podemos então afirmar que o desencantamento da humanidade provocado pelas máximas do consumo e da competitividade é uma dimensão fundamental das problemáticas globais contemporâneas.


Assim sendo, fica fácil compreender que o ambiente pessoal, interno (ecologia humana), só se completa na relação com o Outro (ecologia social) e com o meio (ecologia natural). Em outras palavras, é a interação entre o ambiente interno e o ambiente externo que caractreiza a personalidade das pessoas, moldando valores e comportamentos. Se torna, dessa forma, incoerente a concepção das relações sociais como algo distinto das relações com o meio.

É bem simples. O equilíbrio ecológico depende de harmoniosa e sadia interação de todos os elementos, bióticos e abióticos, que compõem o meio ambiente. Entre todos os níveis de complexidade da realidade, as conexãos devem estar estabelecidas, permitindo a ocorrência dos fluxos de energia e recursos.

Nas sociedades humanas, além de energia e recursos, os fluxos transportam também afeto e informações. São os fluxos e elementos básicos das relaçoes humanas. Sem a troca de informações e afeto, as sociedades trilham um caminho que tem o colapso atrás da porta final. Desencantadas e em crescente desconexão, as relações sociais representam dimensão central das problemáticas socioambientais.

Falta de afeto e centralização na produção de informações e conhecimentos são, ao meu ver, os elementos fundamentais da crise global. As pessoas não mais trocam olhares e carinhos. As grandes corporações midiáticas centralizam a produção e distribuição de informações.

O acesso a recursos (o maldito dindin) e energia (alimentos, água) é afetado em decorrência dos outros laços rompidos, citados anteriormente. Mas são considerados mais importantes que um abraço ou uma boa conversa.

Se queremos pensar em intervir enquanto cidadãos para a construção de sociedades sustentáveis, é fundamental a consolidação de novos padrões de relacionamento, buscando conexões harmoniosas entre as pessoas. Então não basta fazer reciclagem, plantar mudas de árovres e coisas do gênero,mas literalmente mudar a casa (oikos), sendo que a primeira casa de toda pessoa é sua mente.


Se queremos pensar em soluções para os problemas globais, precisamos compreender que, em toda esta diversidade que vemos, somos apenas uma bola azul que flutua no universo.

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