30.7.08

Músicos de Capela

A paisagem é de grama sintética.
Não mais os verdes ricos, seus cantos e urros melódicos,
reflexo de uma sociedade demente e patética.
O canto é como um grito desolado,
a postura é de um europeu medieval
e a imponência é da matança.
Padrão como enlatado, agora é eucaliptal
onde a vida era pujança.
De um lado é preservação,
do outro é exploração,
para baixo e sempre a sobrevivência.
Direitos humanos viram papel
e para o bem da corporação eles não saem do papel.
Dos pais se quer o chão e a história com a terra
e o desejo: uma nova relação com a floresta.
Resguardar a riqueza da semente,
produzir com a força do diverso
e o valor do diferente.
Ir ao Alto perceber
o poder de ser um músico de Capela.
A juventude agroecológica a celebrar e cantar
por democracia e soberania alimentar.
Porque viver é divertido e para todos deve ser,
vamos todos ao Alto perceber
o poder de ser um músico de Capela.


Poema escrito em lembrança ao II Encontro de Coletivos Jovens do Entorno de Unidades de Conservação, realizado em Capela do Alto, bairro rural de Guapiara/SP (jul/2008)

17.7.08

Falta energia ou falta visão

Por Washington Novaes
wlrnovaes@uol.com.br

O tema das barragens e usinas hidrelétricas volta a ocupar espaço abundante no noticiário, por muitas razões:

1) Por ser essa uma fonte renovável e menos poluente de energia, num momento de crise, e que abre a possibilidade de reduzir, com seu uso, as emissões de gases que intensificam o efeito estufa e acentuam mudanças climáticas;

2) pelo ângulo oposto, por estar o Brasil levando adiante vários projetos nessa área, quando alguns estudos mostram a possibilidade de, com conservação e eficiência energética, até reduzir consideravelmente nosso consumo de energia, além de poder recorrer muito mais do que o faz a outras fontes menos problemáticas (eólica, solar, de marés, biocombustíveis, principalmente);

3) porque a construção de hidrelétricas sem preocupação de implantar eclusas que permitam a navegação dificulta depois o aproveitamento desse meio de transporte (onde seja viável e sem custos excessivos);

4) porque grande parte da energia gerada se destina à produção de eletrointensivos (alumínio e ferro-gusa, principalmente), com altos subsídios, que impõem a toda a sociedade (que paga os subsídios) pesados sacrifícios, enquanto beneficiam principalmente consumidores dos países industrializados, grandes importadores desses produtos;

5) porque a interrupção do fluxo de rios e o alto armazenamento de águas suscitam outras preocupações aos estudiosos da área.

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11.7.08

Um terço dos corais sofre risco de extinção devido a estresse

Fatores como a mudança climática e a poluição colocam abrigo de mais de 25% das espécies marinhas em risco

GENEBRA - Os corais também sofrem com o estresse, devido a fatores como a mudança climática e a poluição, que já colocam um terço destes construtores de recifes em risco de extinção.

Esta é a principal conclusão do primeiro grande estudo mundial sobre o estado de conservação dos corais, uma iniciativa conjunta da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e de Conservação Internacional, realizada a fim de incluir estas espécies marinhas na lista de espécies ameaçadas.

Os recifes de coral, que levam milhões de anos para serem construídos, abrigam mais de 25% das espécies marinhas.

Os corais produzem os recifes nas águas pouco profundas tropicais e subtropicais, e são extremamente sensíveis às mudanças registrados em seu entorno.

O estudo mostra que as principais ameaças que afetam os corais são a mudança climática e problemas locais como a pesca destrutiva, assim como a qualidade da água afetada pela poluição e pela degradação dos hábitats litorâneos.

A alta das temperaturas pelas mudanças climáticas leva ao branqueamento dos corais, um resultado de sua resposta ao estresse e que lhe torna mais frágil frente às doenças.

Os pesquisadores predizem, além disso, que a acidificação dos oceanos representa uma nova ameaça grave para os recifes de coral.

Dado que as águas absorvem quantidades crescentes de dióxido de carbono da atmosfera, a acidez de água aumenta e seu pH baixa, o que tem um grande impacto na capacidade dos corais de construir seu esqueleto, que é a base dos recifes.

Por isso, os 39 cientistas que efetuaram o estudo concordam que a alta das temperaturas na superfície das águas segue provocando o branqueamento dos corais e doenças, o que pode levar muitas destas espécies a não ter tempo de se reconstituir, o que poderia levar à sua extinção.

"Estes resultados mostram que os corais construtores de recifes correm maior risco de extinção, como grupo, que todos os grupos terrestres, exceto os anfíbios, e que são os mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática", comentou Roger McManus, vice-presidente da CI para os programas marítimos.

O principal autor do artigo, publicado hoje pela revista Science Express, Kent Carpenter, lembra que "quando os corais morrem, os outros animais e plantas que dependem dos recifes de coral para sua alimentação e sua proteção também desaparecem, o que pode causar a destruição de todo um ecossistema".

Os resultados desta avaliação serão inscritos na lista de espécies ameaçadas da UICN em outubro deste ano.

Fonte: estadao.com.br

2.7.08

Há certeza?

Por Bruno Pinheiro

Do fundo dos olhos

vem como uma canoa no rio a deslizar.
Aparece como luz que brilha
e reflete na água tranquila
e até o verde das matas ilumina
como um sutil sorriso no canto da boca.

Mas fica sempre a duvidar

sobre se, ou quando
um dia verá a transformação
do cósmico em interior,
do céu em imaginação,
da lua uma constelação
de satélites que guardam o universo.

Mas fica sempre a duvidar
de que poderiam sumir as flores
e com elas a beleza e a leveza
dessa vida em que há tristeza e falsos pudores.
E a alegria lá dentro se esconde

como um tatu a cavar
ou um avestruz de cabeça enterrada
com medo do hoje e do amanhã.

Mas fica sempre a duvidar...
como receio da alegria.
Quantos não tem medo de viver a vida?
Quantos não tem medo de trocar?
Quantos não tem medo de encontrar?

Basta se entregar ao agora
e saber que é uma vibração de Gaia
que grita, que sorri e que chora
e que fica sempre a duvidar

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